segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

As idéias chegam e em seguida somem e não se concretizam. Minha dificuldade é fazer um conto, porque eu poderia pensar em coisas surreais, fatos que me marcaram, em coisas que já li, porém não consigo. Sinto uma barreira muito forte na minha forma de demonstrar, eu sei que um conto exigiria imaginação e não certa habilidade de demonstrar os meus sentimentos escondidos e mal compreendidos, mas a questão é essa, eu fico sem palavras para me descrever, e como fazer um conto? Penso comigo, deveria me entender, antes de tentar escrever um conto inventando um entendimento falso. Antigamente quando tinha dificuldades eu escrevia e escreviaaa... mas hoje eu só escrevo sobre como eu tenho dificuldades em escrever, essa metalinguagem acho que irrita, mas estou sendo metalinguistica acho que pela terceira vez, por falar de escrever, por falar da metalinguagem e por falar que estou falando da metalinguagem, complicado.  Enfim, meu problema é outro, é porque não sei desviar meu pensamento. É difícil começar pensar em coisas surreais quando o que me aflige é bem humano e real, eu sei que essa minha incapacidade de me concentrar em um bom conto não é um bom sinal, porque querendo ou não me vejo presa dentro de mim, não tenho mobilidade de sair da casa das paranoias e psicoses para fazer um pequeno continho... me sinto desprezada por mim mesma, me sinto traída pelas minhas idéias, pensamentos e principalmente sentimentos.  Sou tão contraditória, eu falo, escrevo, vejo e ouço reclamações de como faço tudo com essa maldita contradição, porque pensando bem, a melhor casa para fazer um conto bem é a paranoica e a psicotica, porque elas sim nada tem haver com a realidade. Porque diabos sou obrigada a pensar em um conto? Não poderia ser uma carta de suícidio, adoro essas coisas que não precisam do maldito fato central, que transforma a personagem internamente e exteriormente, quando me mandaram fazer um conto deveriam saber que eu não compreendo fatos centrais, eu sou totalmente focada em pequenas descrições e coisinhas que me encantam, só sei falar delas, e não de fatos centrais. Vou fazer um conto do meu jeito, vou falar sobre um áquario, não vou ser bem compreendida, mas eu sinto vontade de falar de um aquário, com pedrinhas coloridas e um peixinho dourado nadando sozinho e triste nele, é lá que eu me encontro...



O Aquário
Foi em um sábado de manhã que meu pai chegou com um peixinho para mim, muito simpático e douradinho, o achei lindo. Não havia motivo especial, eu simplesmente o ganhara e lhe dera o nome de Pinguinho. Meu pai o trouxe em um saquinho de plástico, acho que talvez tivesse ganhado em um feira, e eu muito cuidadosa quis ir na mesma semana comprar um aquário a altura de meu novo favorito. O fato é que o peixinho não parecia contente dentro daquele enorme vidro cheio de pedrinhas coloridas e com uma minuatura de âncora que ele olhava com tanto desprezo. O que eu faria para trazer a felicadade ao meu pobre peixinho?Acho que eu tinha a resposta, o problema era meu, eu não gostava de vê-lo preso... preferiria sua morte repentina, porque cachorros e gatos correm, brincam, caçam mas o Pinguinho não, ele só vivia, e eu sofria por ele não ter nascido em outra forma porque para mim olhar ele nadando entre as pedrinhas me intristecia. Senti vontade de o matar. Tinha que matar, matar por amor. Se passaram então oito meses de isolamento, Pinguinho nadava sem mais vontade, mas como um peixinho comete seu suicídio? Ele olhava para mim... Matar e sentir a ausência ou o olhar todos os dias quando chegava da escola e passava reto pelo corredor? Meu pinguinho me incomodava, porque ele era importante mas eu o queria morto. Me decidi, eu iria o salvar do viver, mas primeiro quis lher dar uma ótima semana de vida. Peguei o Pinguinho e o coloquei novamente no saquinho e o carreguei por uma semana comigo, para todos os lugares, acho que ele se sentiu acompanhado, depois dele viver mais em uma semana o que ele não viveu em todos os meses de vida, eu o enterrei vivo, senti meu coração gelar.

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