sábado, 5 de junho de 2010
Um dos motivos que eu odeio ser filha única é ter que brigar em dobro. De não querer conversar, mas ser a única filha para poder conversar. De ser uma pessoa totalmente livre de planos, mas que é a única para eles depositarem todos os planos. Eu odeio tanto amor, tanta atenção, eu não gosto de ser mimada... Eu não escolhi. Ser filha única implica no fato de você não ter com quem se comparar e nem em quem jogar a culpa, implica no fato de você ser a única pessoa que vê o lado de ser filha, de ser mandada e não de mandar. Eu odeio esse lance de ter razão e mesmo assim não ter, eu odeio ter que ficar quieta porque eu gosto de gritar, porque sou louca e histérica, ou odeio não poder usar meus argumentos, eu odeio usa-los e magoar as pessoas que eu amo. Eu odeio, eu odeio ter sentimentos, queria ser muito fria e não sentir nada, nem dor nem solidão. Eu odeio meu mundo e meus estudos e meus esforços e minhas crenças, porque elas não me fazem completamente feliz, porque eu me sinto muito mal agora. Eu odeio ter que sempre explicar porque estou feliz ou contente, eu odeio que se importem comigo, eu odeio tirar notas baixas e depois contar, eu odeio sair de casa e odeio o mesmo tanto ficar dentro dela. Eu odeio ouvir musicas bonitas e chorar, eu odeio tanta coisa, que eu odeio saber disso e relatar isso, eu odeio falar sozinha, eu odeio inglês. EU ODEIO EU ODEIO EU ODEIO EU ODEIO. Eu odeio saber que isso é uma terapia pra mim, eu odeio comentários anônimos, eu odeio sentir tudo isso...
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