domingo, 6 de setembro de 2009

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Ele via de tudo: de tudo em todos, em todos um tudo, pouco tudos para seu todo. Dessa forma ingênua e descontrolada, Pietro espancava seus dias com o martelo do seu relógio, suprimia os ponteiros pela emoção de sua alma e almoçava descasos do anoitecer. Tudo se passava numa dessas cidades grandes, onde a fumaça dos carros se igualava com a melancolia cotidiana.
Viver ou não, era como se importar: ás vezes abstrato, outras distante. Sua paranóia e pessimismo impressionavam pessoas; fazia sucesso, gente complicada clama por atenção. Era bonito, tinha olhos de angustia, mas imensamente verdes. Sua aparência era criticada por alguns, mas admirada por outros; como tudo que existia impregnado nele, seu passaporte para a felicidade era se tornar um homem simples, estranho, relativo e tranqüilo.Talvez até uma descrição clichê.
Cinismo, clareza e elegância brotavam em todos seus limites, com os longos anos era aconselhável se envenenar com os próprios defeitos e se asfixiar de algumas dores e solidão. Acreditava no poder da literatura, e era genialmente sintático em suas observações, destemido das opiniões alheias. Vivia. Ora respirava, ora continuava vivendo.
Uma vida superficial intimidava seus pensamentos, uma vida profunda deslumbrava por suas loucas horas. Assim, Pietro, recuava por alguns instantes a caminhada, todavia disparava a correr por entre os atritos, imprevisível e fugaz era o trajeto de um rapaz, loucamente sedento de descobertas emocionais.
Em sua volta era visto como máquina, bem cobiçado por ser seco e insensível, desprezível e isento de amor. Mas ninguém entendia como que uma pessoa equilibrada e capaz era livre, rodeado ao mesmo tempo sozinho.
As sombras, os detalhes minuciosos, as armadilhas e os tiroteios eram companhias, se era ser estranho um de seus requisitos havia alcançado com glória.
O tempo não esperou Pietro se normalizar... O nada, os olhos úmidos, aos prantos sua alma estava por tanta insatisfação contida, por suas noites cruéis, pelas alucinações e pecados carnais. Estava velho. Estava morto. Foi esquecido.

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