domingo, 2 de agosto de 2009

Tenho medo do que sou capaz de criar. Caio em tentação e penso. Tenho medo dos meus pensamentos.
Meus sonhos são tão voláteis, eu os toco, e também acabo por destruí-los. Minha parte maléfica aponta minhas fragilidades, e me acusa de humanizar momentos; procuro dessa vez, minha defesa.
Sou eu, talvez, que acabo por me confundir; sou confusa por mim mesma, nada sou por tanta confusão. Meu receio é terminar. Não sei terminar, os começos são formidáveis [embaraçosos]. Eu sou mais uma pessoa começada, meu fim não se fundirá nesse mundo, eu não o pertenço. Afinal, se me for permitida uma nova dúvida: sou eu dona do meu fim, ou sou apenas destinada a ele?
Um dia responderei, mas não por escrito, e sim por gritos estreitos no vácuo. Não sei qual será o verdadeiro significado para quem os ouvir, mas terá minha ausência e uma poça de veneno velando a totalidade da essência que respirava em vida por mim. E sempre por onde andar, aturdido pela agudez das respostas opacas, vai olhar em torno de si e implorar para que sua alma enriqueça e se desmaterialize. Não sei quem será escolhido para o aviso, entretanto, por um átimo senti a aura da inimizade batizar quase todas minhas profanas vertigens. Em arroubo, quero sair agora do meu complacente futuro, se houver.
Estou entrando em um jardim molhado, com arvores agrestes e extrínsecas. Minha cena foi roubada. O toque sensível da solidão, pecúlio do canteiro esquerdo, invadiu minha mente e adstringiu meus desejos mais esquecidos. Existe um pouco de veneno perene em um de seus cantos fundos. Tudo o que cobre o buraco das passagens do verdejante jardim é coruscante, afanado. Minha sorte foi encontrar a saída esquálida. Saio, então, com uma flor espinhosa guardada no bolso do casaco azul, vestido sutilmente quando vi a chuva despojada caindo. Por conseqüência, esperava um dos espinhos fincarem minha pele assim como cravo minha lógica embebedada e emoliente no ato de escrever algo caótico.

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