domingo, 17 de maio de 2009

vislumbrar meus desajustes me torna ávida?


O meu descaso, trás canseira. A canseira de não ter o porquê de se cansar, ou por quem. O descaso de ser cansado pela mesmice dos dias, e não pelo apavorante leque de emoções que eu desejaria que me sucedesse, que viesse me acompanhar. Minha ironia é dizer que, o que torna meu dia agitado é minha nostalgia: inquieta, provocante.
Como se os meses fossem dominós que eu mato com espontaneidade, como se as semanas fossem as formigas insignificantes que passam por mim sem serem vistas ou visitadas.
Se eu disser que meu silêncio é perpétuo é mentira, de modo que, de tão gritante que ele se faz, torna-se uma sinfonia no meu ouvido, um alarme indicando que não estou sozinha: estou somente eu, meus pedaços, e o alarme autêntico confirmando minha solidão, meu espaço moldado para poucos.
Em conseqüência, da minha suposta revolta, do meu desafeto com essas horas petulantes, com esses minutos de agressividade que eu acompanho com os olhos, com o tato, eu redijo uma prova do meu descontentamento.
Não sei mais por onde ir, porém algo me impede de ficar imóvel. E em meio desse meu desalento de me mover e nunca chegar a um destino promissor, minha saída é respirar fundo como se eu novamente puxasse todo o ar resultante do mundo e me obrigasse a voltar à caminhada turva.
Vivo sem veemência, não encontro termos que me justifiquem. Meu subterfúgio predileto é culpar os outros, as oportunidades, a sorte...
Não sou capaz de escrever mais sobre mim, tudo é escasso: as ideias, os termos, a competência.
A impressão que tenho é que minha carência e minha querida solidão fizeram um pacto indestrutível contra mim, para que eu morra só com esse pouco de mim, porque eu não decido por qual dos meus pedaços de mim mesma, vou dar a responsabilidade de administrar minhas outras metades. Sou um copo quebrado, mesmo que juntem meus cacos, não me obterão porque cada pessoa que surge na minha caminhada, leva um pequeno caco consigo.
Porque, eu escapei dessa realidade tão forjada, desse realismo tão hipócrita, dessa parte do mundo que quer viver intensamente, mas se esquece de olhar para dentro de si e não é capaz de recolher a sujeira que produz ou que provoca dos outros.
Eu sofro abalos sísmicos, porque meus pedaços se chocam mutuamente e então eu tenho motivos para jorrar algumas amargas lágrimas, comprimidas e danificadas.
Parece que cada pedaço é mais forte que os pedaços juntos, como se cada parte anulasse a outra, como se eu provocasse minhas brigas intimas, como se eu fosse culpada por tudo que eu escrevo aqui, só porque parei para repensar nas minhas divisões, e nos meus supostos erros, e nas minhas supostas agonias e aflições. Constantes, inábeis, equivocadas.

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